Feitos de Estrelas

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Lauro Müller, SC, Brazil
FEITOS DE ESTRELAS

quinta-feira, 24 de março de 2016

Compor

(23/03/2016)

Compor músicas é alívio
É como ter um amigo
Sempre do meu lado
Quando eu mais preciso

O que está comigo agora
Passa a estar contigo
Apenas no escutar desabafos
De meus acordes indecisos

Que carregam mais de mim
Do que comigo mesmo
Mas venho agindo estranho
Cada vez compondo menos

É que a cada compasso e refrão
Na serena inquietude
Da criação

Sei que encontro alivio e razão
Porém, é no tempo que esta a cura
Do coração

...

Ramom Martins de Medeiros

domingo, 15 de dezembro de 2013

Os Intervalos

(16/12/2013)

A cada ano que passa sinto que eu fico cada vez 
mais parecido com o meu pai. E desta vez, em algo
bem interessante, apesar de eu ainda não ter
adquirido isso por completo.

Sempre em um debate, ou uma discussão, ou uma 
troca simples de opinião, ou até mesmo na hora de 
dar um sermão, antes do meu pai soltar o verbo, 
ele para, pensa, reflete, abaixa a cabeça, olha pra 
mesa... pra só depois falar. 
É como se ele estive organizando as palavras 
certas, buscando e deixando as palavras e as 
ideias de uma maneira mais compreensível possível.

Mas talvez não seja só isso.

Talvez ele pense muito bem no que vai falar pra não
sair alguma besteira que venha a machucar ou ofender 
alguém. Ou quem sabe ele conta até dez pra não 
perder a paciência. Ou talvez ele pense em tudo 
isso ao mesmo tempo!
Bom, eu não sei ao certo. Seja qual for o 
motivo, acho isso muito positivo e curioso.

Nesses intervalos de pensamento entre o "ouvir" e
o "falar" ele sempre demora mais que o comum. 
Mas sempre fala. 
E talvez por isso ele se sai muito bem, em todas
as conversas.

Acho que uma das características mais importantes 
de uma pessoa que saiba dialogar seja exatamente isso.

Os intervalos.

Certa vez, quando criança, eu estava na sala 
com o meu irmão quando começou uma 
discussão na cozinha, e meu pai estava no
meio. 
Houve um intervalo de silencio e a gente já 
sabia o que viria a seguir. 

“Eu gosto quando o pai fala", meu irmão disse.

E das minhas memórias da infância, essa talvez 
seja uma que eu não vou esquecer.


Que os meus intervalos sejam cada vez maiores, 
independentemente do tipo de conversa.


...


Ramom Martins de Medeiros

domingo, 8 de setembro de 2013

Como se fosse ontem

(08/09/2013)


Lembro como se fosse ontem
Caminhando em direção a minha casa.
Distraído.
Escutei uma voz me chamando.
Mesmo de costas, soube quem era.
Apesar do tempo.
Apesar do medo.

O mesmo timbre.
O mesmo tom.
A mesma harmonia.
Embora um refrão triste.

Olhei pra trás lentamente.
E eu não queria estar ali
Eu realmente não queria estar ali.

Eu queria estar em ti.

...

Ramom Martins de Medeiros

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Prolixo



Existem aqueles que falam demais, com
um português impecável, com pose de
gênio e com o peito estufado.
Mas não dizem nada.

Mas também há aqueles que muitas
vezes não sabem conjugar um verbo
ou até mesmo se confundem um pouco
com as palavras, mas dizem o que é
preciso, com sinceridade, na oportunidade
certa, na hora certa.

Estes sim dizem muito.

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Ramom Martins de Medeiros

segunda-feira, 24 de junho de 2013

O garçom e o bêbado.

(17/06/2013)

Já era perto das 2 da manhã e eu estava do lado
de fora de um bar com alguns amigos.
Fui surpreendido quando escutei umas risadas e
um leve tumulto que vinha de dentro do estabelecimento.

Um senhor, de idade não muito avançada, tinha
caído de sua cadeira e estava no chão, com um
sorriso um tanto quanto amarelado e sem graça
de vergonha.
Estava muito bêbado.

Pobre homem.

O garçom, que também fazia uma função um tanto
quanto de segurança do bar, foi a ele imediatamente
prestar amparo. Botou a mão no seu ombro, perguntou
se ele queria ajuda e ofereceu-lhe o ombro para
ele se apoiar. Caminharam até a saída do bar.

Um exemplo de garçom (ou segurança... sei la)!

Se fosse um desses qualquer, teria aproveitado
a ocasião em que estava, no centro das atenções
do público, e teria exercido sua autoridade de
modo grosseiro pra cima do senhor.

E o senhor, por sua vez, saiu do bar e seguiu
"ziguezagueando" até a sua casa.

Um exemplo de bêbado.

Quem dera todos fossem assim. Não ficou ali
incomodando ninguém e ainda pediu desculpas
pra alguns dos presentes no local.
Reconheceu que estava mal e resolveu ir embora
por conta própria.

Um raro momento de humanidade na noite.

Exceto pelos pobres de alma que soltaram umas
risadas daquele ser-humano em seu momento de
fraqueza.
Gente covarde.

Podem rir a vontade, caros.

Hoje é ele o homem que esta
precisando afogar seus problemas
e suas dores.

Amanha pode ser qualquer um de vocês!

...

Ramom Martins de Medeiros

sábado, 15 de junho de 2013

Uns casos pra lá de estranhos

(13/06/2013)


Aquela mulher, com a idade mais avançada, de riso
difícil, dá umas boas gargalhadas das piadas mais
toscas se é o seu namorado que conta.

Teve um que odiava falar ao telefone, mas começou
a amar isso quando era ela do outro lado da linha.

Aquele cãozinho espera até hoje o dono e a
namorada dele saírem pra passear pela manhã.
O dono também a espera.

A moça da cidade, que odiava a brisa do
mar, passava varias tardes na praia vendo ele
surfar.
Comprou até um guarda-sol.

Todo final de semana, ele era o primeiro a sair
de casa com os amigos.
Depois do namoro, nunca mais saiu.

E o meu amigo, sempre ao voltar da faculdade
para sua casa, a primeira coisa que faz é contar
como foi seu dia pra sua esposa.
Se não conta, o dia não esta completo.

E o velho carrancudo dá bom dia até pro carteiro
quando sua amada da um sinal de vida.

O desleixado, que mal tomava banho, hoje toma
e se veste bem.
Faz até a barba constantemente, coitado.

E não da pra entender se as pessoas mudam por
causa de alguém, ou se elas simplesmente revelam
o que elas realmente  são.

Não sei.
Longe de mim falar pelos outros.
Logo eu que não me reconheci varias vezes.

...

Ramom Martins de Medeiros

Texto feito com a ajuda de Heloísa Fenili, que me falou a maioria dos casos descritos aqui.

domingo, 19 de maio de 2013

Enche mais um copo


(19/05/2013)


Sair e deixar o carro na garagem.
Ainda não nos proibiram de caminhar alcoolizados, por pouco que seja.

Conversa vai.
Conversa vem.
Enche mais um copo.
Mais um... Dois... Três.
Seis... Sete... Oito.
Só dar uma pausa na hora de tocar violão.

Já perdi varias vezes a noção da hora de parar, e a ressaca foi certa como o amanhecer.
Eu mesmo já tive varias histórias.

Talvez todos nós tenhamos algo pra afogar.
Talvez todos nós tenhamos algo pra dizer.
Só não sabemos como.
Não sabemos pra quem.

Beber e manter la dentro o que realmente incomoda.
Levam-se anos pra se aprender isso.
Já outras coisas a gente nunca aprende.

Enche mais um copo, meu amigo, pois se o álcool não abrir nossas feridas de uma vez, pelo menos vai dissolver um pouco do que nós somos.

As vezes isso é tudo o que a gente precisa, não é?

...

Ramom Martins de Medeiros