Feitos de Estrelas

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Lauro Müller, SC, Brazil
FEITOS DE ESTRELAS

segunda-feira, 24 de junho de 2013

O garçom e o bêbado.

(17/06/2013)

Já era perto das 2 da manhã e eu estava do lado
de fora de um bar com alguns amigos.
Fui surpreendido quando escutei umas risadas e
um leve tumulto que vinha de dentro do estabelecimento.

Um senhor, de idade não muito avançada, tinha
caído de sua cadeira e estava no chão, com um
sorriso um tanto quanto amarelado e sem graça
de vergonha.
Estava muito bêbado.

Pobre homem.

O garçom, que também fazia uma função um tanto
quanto de segurança do bar, foi a ele imediatamente
prestar amparo. Botou a mão no seu ombro, perguntou
se ele queria ajuda e ofereceu-lhe o ombro para
ele se apoiar. Caminharam até a saída do bar.

Um exemplo de garçom (ou segurança... sei la)!

Se fosse um desses qualquer, teria aproveitado
a ocasião em que estava, no centro das atenções
do público, e teria exercido sua autoridade de
modo grosseiro pra cima do senhor.

E o senhor, por sua vez, saiu do bar e seguiu
"ziguezagueando" até a sua casa.

Um exemplo de bêbado.

Quem dera todos fossem assim. Não ficou ali
incomodando ninguém e ainda pediu desculpas
pra alguns dos presentes no local.
Reconheceu que estava mal e resolveu ir embora
por conta própria.

Um raro momento de humanidade na noite.

Exceto pelos pobres de alma que soltaram umas
risadas daquele ser-humano em seu momento de
fraqueza.
Gente covarde.

Podem rir a vontade, caros.

Hoje é ele o homem que esta
precisando afogar seus problemas
e suas dores.

Amanha pode ser qualquer um de vocês!

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Ramom Martins de Medeiros

sábado, 15 de junho de 2013

Uns casos pra lá de estranhos

(13/06/2013)


Aquela mulher, com a idade mais avançada, de riso
difícil, dá umas boas gargalhadas das piadas mais
toscas se é o seu namorado que conta.

Teve um que odiava falar ao telefone, mas começou
a amar isso quando era ela do outro lado da linha.

Aquele cãozinho espera até hoje o dono e a
namorada dele saírem pra passear pela manhã.
O dono também a espera.

A moça da cidade, que odiava a brisa do
mar, passava varias tardes na praia vendo ele
surfar.
Comprou até um guarda-sol.

Todo final de semana, ele era o primeiro a sair
de casa com os amigos.
Depois do namoro, nunca mais saiu.

E o meu amigo, sempre ao voltar da faculdade
para sua casa, a primeira coisa que faz é contar
como foi seu dia pra sua esposa.
Se não conta, o dia não esta completo.

E o velho carrancudo dá bom dia até pro carteiro
quando sua amada da um sinal de vida.

O desleixado, que mal tomava banho, hoje toma
e se veste bem.
Faz até a barba constantemente, coitado.

E não da pra entender se as pessoas mudam por
causa de alguém, ou se elas simplesmente revelam
o que elas realmente  são.

Não sei.
Longe de mim falar pelos outros.
Logo eu que não me reconheci varias vezes.

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Ramom Martins de Medeiros

Texto feito com a ajuda de Heloísa Fenili, que me falou a maioria dos casos descritos aqui.

domingo, 19 de maio de 2013

Enche mais um copo


(19/05/2013)


Sair e deixar o carro na garagem.
Ainda não nos proibiram de caminhar alcoolizados, por pouco que seja.

Conversa vai.
Conversa vem.
Enche mais um copo.
Mais um... Dois... Três.
Seis... Sete... Oito.
Só dar uma pausa na hora de tocar violão.

Já perdi varias vezes a noção da hora de parar, e a ressaca foi certa como o amanhecer.
Eu mesmo já tive varias histórias.

Talvez todos nós tenhamos algo pra afogar.
Talvez todos nós tenhamos algo pra dizer.
Só não sabemos como.
Não sabemos pra quem.

Beber e manter la dentro o que realmente incomoda.
Levam-se anos pra se aprender isso.
Já outras coisas a gente nunca aprende.

Enche mais um copo, meu amigo, pois se o álcool não abrir nossas feridas de uma vez, pelo menos vai dissolver um pouco do que nós somos.

As vezes isso é tudo o que a gente precisa, não é?

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Ramom Martins de Medeiros

quinta-feira, 16 de maio de 2013

La se foi a poesia

(16/05/2013)


Varias ideias nas madrugadas
Pensei que não esqueceria
Não as anotei
La se foi a poesia.

Perdem-se em meus sonhos
Na inquietude de noites frias
Idéias que ali nascem
Acordam mortas no outro dia

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Ramom Martins de Medeiros

quinta-feira, 9 de maio de 2013

Cartas no mar


(09/05/2013)


Ah, vida.


Quem dera fosses leve como a gravidade da lua

Quem dera fosses pena que voasse na rua.
Quem dera poder acreditar
Nessas cartas que a gente jogou no mar.

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Ramom Martins de Medeiros

sexta-feira, 19 de abril de 2013

Mais dúvidas que certezas.


(20/04/2013)


Isso aqui não é um diário.
Muito menos um confessionário.
Talvez seja um disfarce pra desabafo.

Um grito que ninguém ouve.
Ou uma carta que ninguém lê.
De alguém que tem muito o que esquecer.

Aqui não se acha nenhum rumo, e sim um caminho incerto.
Aqui não se acha nenhuma resposta, mas sim um emaranhado de dúvidas que só o tempo responde.

Muito mais dúvidas que certezas.

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Ramom Martins de Medeiros

domingo, 24 de março de 2013

O péssimo ator


(11/03/2013)

E parece que o tempo não anda muito generoso nesses dias que nascem cinza.

É aquele anjo triste que fica sentado do nosso lado o dia inteiro, resgatando pensamentos antigos, confundindo um caminho inutilmente planejado.

Fingir normalidade na troca de palavras é quase inútil diante da ferida que se abriu.
É como se a verdade estivesse escrito na nossa testa.
Não há como disfarçar.

É dificil não ser o que somos quando sentimos os espinhos apertarem no coração.
Não da pra ser indiferente com o que é importante.

Sou um péssimo ator.

Quantos personagens ainda vamos interpretar?

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Ramom Martins de Medeiros