Na hora do café da tarde em que me deparo com a
TV com centenas de canais, vejo que a famosa tela preta ainda é a melhor
alternativa pra mim. Assim não há distração.
Não há canais mais importantes do que a inútil tentativa
de pensar e resolver meus conflitos.
E como é bom chegar no meu quarto e ver minha
cama desarrumada. Ela fica muito melhor assim, pronta pra chegar ali, deitar e
trabalhar alguns rascunhos de ideias que vem a tona.
O ruim é não conseguir dormir quando isso
acontece de madrugada.
Estou sempre pensando em alguma coisa e as vezes
é necessário me desconectar disso.
Mas não dá!
Se os acordes pudessem falar por mim agora, tenho medo de como eles seriam.
É preciso se expressar de alguma maneira, nem que
seja com um grito.
Ou um silêncio longo, e este pode dizer muito,
assim como a quebra dele um dia significou perdão.
Tem coisas que falam mais alto que o orgulho, não
é?
Só entende quem já se machucou.
Não tenho essa fronteira de precisão dentro de mim que separe raiva e amor. Muitas vezes eles andam juntos, e isso
acaba comigo.
Fugir, mas querer reencontrar.
Fechar os olhos, mas querer ver.
Se calar, mas querer dizer algo, nem que seja um
“bom dia”. Quanta diferença isso faz!
Ser rude, enquanto o que mais se quer é um
abraço.
Você entende?
Tenho asas que não sabem voar, mas se soubesse,
será que eu iria embora?
Você me deixaria partir?
Muitas dessas estrelas que eu vejo podem ser que
nem existam mais no céu, mas ainda as vejo. A luz ainda está a caminho.
A sua luz ainda está a caminho.
...
Ramom Martins de Medeiros
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