Sem
horas pra voltar
(04/02/2013)
Quando eu era criança eu queria fugir de casa, até que eu realmente o
fiz: Fugi até a esquina próxima a minha casa e voltei.
Uns dias depois criei coragem e resolvi ir mais longe ainda: fui até a
esquina e caminhei mais uns 10 metros, até que uma mulher conhecida da minha
mãe me perguntou a onde eu estava indo sozinho e eu disse que estava fugindo.
Gênio!
Três minutos depois eu já estava em casa, mas não lembro se eu apanhei
dos meus pais.
Se aquela mulher não tivesse me parado, quem sabe eu teria ido mais
longe.
Sei lá, até a segunda esquina, eu acho.
Não sei porque eu tinha essa vontade de fugir. Nunca tive problemas em
casa com a família, e mesmo assim, certa vez, eu coloquei fogo no porão.
Quase que a casa vira cinzas.
Minha mãe pensou que era culpa das más companhias
Minha avó pensou que era o diabo, de certo.
As vezes falta a mesma coragem que eu tinha quando fugia até a esquina
nos tempos de criança.
Pode não parecer, mas era uma aventura e tanto pra aquela idade.
Hoje é tão fácil chegar até ali. As ruas são mais curtas pois meus
passos são maiores, e eu posso atravessar de carro a cidade (ou quem sabe o
estado) se eu quisesse.
Mas eu não vou.
Ao invés disso, saio de casa sem horas pra voltar, e essa pode ser a
melhor fuga.
A melhor alternativa pra fugir de si mesmo.
Sair e deixar o coração na gaveta.
...
Ramom Martins de Medeiros
Grande Bob! Gostei do texto! Blogando e andando e seguindo a canção! Abraço!
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