Feitos de Estrelas

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Lauro Müller, SC, Brazil
FEITOS DE ESTRELAS

sexta-feira, 19 de abril de 2013

Mais dúvidas que certezas.


(20/04/2013)


Isso aqui não é um diário.
Muito menos um confessionário.
Talvez seja um disfarce pra desabafo.

Um grito que ninguém ouve.
Ou uma carta que ninguém lê.
De alguém que tem muito o que esquecer.

Aqui não se acha nenhum rumo, e sim um caminho incerto.
Aqui não se acha nenhuma resposta, mas sim um emaranhado de dúvidas que só o tempo responde.

Muito mais dúvidas que certezas.

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Ramom Martins de Medeiros

domingo, 24 de março de 2013

O péssimo ator


(11/03/2013)

E parece que o tempo não anda muito generoso nesses dias que nascem cinza.

É aquele anjo triste que fica sentado do nosso lado o dia inteiro, resgatando pensamentos antigos, confundindo um caminho inutilmente planejado.

Fingir normalidade na troca de palavras é quase inútil diante da ferida que se abriu.
É como se a verdade estivesse escrito na nossa testa.
Não há como disfarçar.

É dificil não ser o que somos quando sentimos os espinhos apertarem no coração.
Não da pra ser indiferente com o que é importante.

Sou um péssimo ator.

Quantos personagens ainda vamos interpretar?

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Ramom Martins de Medeiros

quarta-feira, 13 de março de 2013

Meu casaco


(??/03 ou 04?/2012)

Quando esse frio invadiu o meu casaco
Abaixo do sol que a nuvem escondia
O inverno nunca foi tão forte
Minha alma nunca foi tão vazia

Quando esse frio invadiu o meu casaco
Eu me encolhi pra me proteger dos ventos
Que não levam a tristeza embora
Nem param pra ouvir meus lamentos

Quando esse frio invadiu o meu casaco
Uma faixa de luto estendi no coração
Queria dar um descanso de seus tormentos
Queria ouvir denovo a nossa canção

Quando esse frio invadiu o meu casaco
Falaste tudo o que eu queria ouvir
Escolhi o pior remedio pra continuar
Pena eu não poder escolher o que sentir

Quando o teu abraço envolveu o meu casaco
Por uns segundos o frio se amenizou
Quem dera você ficar mais um pouco
Pois pra minha alma, éis o unico cobertor

Quando o teu abraço envolveu o meu casaco
Decidi que devo parar de me culpar
Pois se eu pudesse voltar no tempo
Sei de uma coisa que não iria mudar

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Ramom Martins de Medeiros

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

No fim


(23/02/2013)


Ela não vive em ansiedade.
Pacientemente lê um jornal e toma um café por aí, e quando menos se espera, ela escolhe a dedo quem vai e não enxuga as lagrimas de quem fica.

E quando escolhe, ela é eficaz e rápida.
Já é doutora nisso.
Não adianta pedir um tempo a mais pra dizer aos que ficam o quanto eles significam pra sua vida. Não adianta pedir um tempo pra compor mais uma canção.
Ela escolhe e você vai.

É por isso que essa presa de viver podia ser mais forte, pois o tempo corre.
Talvez eu esteja atrasado e eu nem sei que horas sai o próximo trem.
E se eu soubesse, o que faria?

Só sei que eu não quero ser escolhido assim tão cedo.
Não quero ser atingido pela foice.
Tenho tantas coisas a fazer e eu não sei de quase nada.
Dizem que a gente nunca parte no fim.

Somos feitos de estrelas, e estrelas se apagam.

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Ramom Martins de Medeiros

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

A caminho

(24/12/2012)

Na hora do café da tarde em que me deparo com a TV com centenas de canais, vejo que a famosa tela preta ainda é a melhor alternativa pra mim. Assim não há distração.
Não há canais mais importantes do que a inútil tentativa de pensar e resolver meus conflitos.

E como é bom chegar no meu quarto e ver minha cama desarrumada. Ela fica muito melhor assim, pronta pra chegar ali, deitar e trabalhar alguns rascunhos de ideias que vem a tona.
O ruim é não conseguir dormir quando isso acontece de madrugada.

Estou sempre pensando em alguma coisa e as vezes é necessário me desconectar disso.
Mas não dá!
Se os acordes pudessem falar por mim agora, tenho medo de como eles seriam.

É preciso se expressar de alguma maneira, nem que seja com um grito.
Ou um silêncio longo, e este pode dizer muito, assim como a quebra dele um dia significou perdão.

Tem coisas que falam mais alto que o orgulho, não é?
Só entende quem já se machucou.
Não tenho essa fronteira de precisão dentro de mim que separe raiva e amor. Muitas vezes eles andam juntos, e isso acaba comigo.

Fugir, mas querer reencontrar.
Fechar os olhos, mas querer ver.
Se calar, mas querer dizer algo, nem que seja um “bom dia”. Quanta diferença isso faz!
Ser rude, enquanto o que mais se quer é um abraço.
Você entende?

Tenho asas que não sabem voar, mas se soubesse, será que eu iria embora?
Você me deixaria partir?

Muitas dessas estrelas que eu vejo podem ser que nem existam mais no céu, mas ainda as vejo. A luz ainda está a caminho.

A sua luz ainda está a caminho.

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Ramom Martins de Medeiros

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013


Sem horas pra voltar
(04/02/2013)

Quando eu era criança eu queria fugir de casa, até que eu realmente o fiz: Fugi até a esquina próxima a minha casa e voltei.
Uns dias depois criei coragem e resolvi ir mais longe ainda: fui até a esquina e caminhei mais uns 10 metros, até que uma mulher conhecida da minha mãe me perguntou a onde eu estava indo sozinho e eu disse que estava fugindo.
Gênio!
Três minutos depois eu já estava em casa, mas não lembro se eu apanhei dos meus pais.

Se aquela mulher não tivesse me parado, quem sabe eu teria ido mais longe.
Sei lá, até a segunda esquina, eu acho.

Não sei porque eu tinha essa vontade de fugir. Nunca tive problemas em casa com a família, e mesmo assim, certa vez, eu coloquei fogo no porão.
Quase que a casa vira cinzas.
Minha mãe pensou que era culpa das más companhias
Minha avó pensou que era o diabo, de certo.

As vezes falta a mesma coragem que eu tinha quando fugia até a esquina nos tempos de criança.
Pode não parecer, mas era uma aventura e tanto pra aquela idade.
Hoje é tão fácil chegar até ali. As ruas são mais curtas pois meus passos são maiores, e eu posso atravessar de carro a cidade (ou quem sabe o estado) se eu quisesse.
Mas eu não vou.

Ao invés disso, saio de casa sem horas pra voltar, e essa pode ser a melhor fuga.
A melhor alternativa pra fugir de si mesmo.

Sair e deixar o coração na gaveta.

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Ramom Martins de Medeiros